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Em Pauta

Pequenos Flagrantes do Co-TI-diano

Marcelo Medeiros

Publicado em 04/10/2011 às 14:56


“Se a placa fax-modem estiver funcionando, instale o discador que está nesse floppy disk, conecte-se com a BBS e use o Netscape para acessar o conteúdo do VAX. Mas, como não temos MIPS sobrando, só faça isso após a rodada do batch da noite. No entanto, caso seu micro esteja sem comunicação, acesse diretamente o terminal assíncrono, ativando a linha RENPAC. A velocidade não é lá essas coisas, mas pelo menos o X.25 é muito mais eficiente que o telex puro e simples”.



Caro leitor, se você riu porque entendeu uma parte das instruções acima, então eu poderei adivinhar sua idade. Mas, se o sorriso foi de quem enfrenta o desconhecido com uma desvantagem cognitiva, então eu terei dificuldades. De qualquer forma, fique tranquilo, porque este diálogo pertence a um passado já distante na linha do tempo da tecnologia. Digamos que ele seja uma espécie de avô da área de TI&C que vivemos hoje. Avancemos então ao nosso co-TI-diano cada vez mais imprevisível, passeando por alguns pequenos flagrantes que se materializam a nossa volta.



1: Literalmente, a cada uma das 17 mil vezes que piscamos os olhos por dia, 276 celulares e 60 computadores são vendidos. Nestes mesmos 400 milissegundos, 12 mil novos tweets são enviados, 180 mil novas pesquisas na internet são processadas pelo Google e ainda 120 mil vídeos são assistidos via YouTube. Este é o mundo maravilhoso da tecnologia, que alimenta a vários de nós profissionais de TI&C, mas que também esconde muitos paradoxos aterrorizantes: a cada uma das 25 mil vezes que respiramos por dia, uma pessoa morre de fome em algum lugar do planeta. A abundância de cifras e oportunidades com que trabalhamos certamente nos dão credenciais e condições materiais para ajudar a erradicar esse problema, mesmo que seja fazendo só um pouquinho a cada vez. Pense em ser voluntário em alguma entidade assistencial. Você respirará melhor.



2: Todos os dias conhecemos inovações que envolvem insumos complexos e quase sempre intangíveis. Computação na nuvem, virtualização e oferta de software como serviços são alguns conceitos que não desmentem tal constatação. Mas, que inovação tecnológica você esperaria do vidro, este ancião que nos acompanha desde sua descoberta pelos fenícios em 5.000 A.C.? Difícil de imaginar? Pois na semana passada um amigo me enviou um vídeo-conceito feito pela Corning Incorporated, líder mundial em vidros especiais. Pesquise “corning futuro vidro” ou “day made of glass” no YouTube. Vale a pena assistir. Apesar de ser ainda um “conceito”, várias das tecnologias ali mostradas já têm protótipo e outras inclusive já ganharam escala comercial. Aliás, você pode ser um cliente da Corning, mesmo sem ter percebido. Eles fornecem vidros de alta resistência para várias marcas conhecidas de smartphones, tablets, notebooks e TVs. Resumo da ópera: quando temos vontade de inovar, nem as tecnologias mais consolidadas conseguem escapar de nossa determinação.



3: Filho de 12 anos conversa com o pai no elevador cheio. “Pai, qual a música mais famosa do Queen? É ‘Bohemian Rapsody’ ou ‘We are the Champions’?” Uma senhora de 60 e poucos anos não contém o entusiasmo e se incorpora à conversa: “Que lindo! Pensei que esta geração só quisesse saber de tecnologia e não prestasse mais atenção àquelas músicas maravilhosas dos anos 70 e 80. Como é bonito ver a cultura atravessar o tempo!”. Pai e filho se entreolham mas decidem não desapontar a interlocutora – talvez ela não desejasse saber que o Queen só chegou aos ouvidos do menino através de um download de uma loja virtual, acolhido de forma pronta e hospitaleira pela memória flash de seu iPod.

Bom outubro a todos e que o Halloween seja só mais uma festa divertida, sem sustos para a economia mundial.