Opinião
A hora do mercado de TI no Brasil
Publicado em 04/04/2011 às 12:40
Jorge Sukarie é presidente da Brasoftware e Vice-Presidente do Conselho da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software)
Devido à situação econômica favorável que o país está vivendo – de estabilidade econômica, aos grandes eventos previstos para os próximos anos - como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, e aos investimentos para exploração do pré-sal, o Brasil nunca esteve em tanta evidência no cenário internacional. Nunca recebemos tantos executivos de outros países interessados em entender nosso mercado e nosso modelo de negócios, e em saber como iniciar ou aumentar sua participação no país. Estamos vivendo um momento único em nossa história e as expectativas para os próximos anos são extremamente positivas. Devemos estar entre as dez maiores economias mundiais até 2016. Esse cenário abrirá uma infinidade de oportunidades para os mais diversos setores e o mercado de TI precisa e deve aproveitar essa carona.
Para atender aos grandes eventos, será necessário um investimento maciço em infraestrutura. Tecnologias relacionadas à mobilidade, Business Intelligence, integração, dashboard, aplicações focadas em workflow, que ajudem na rápida tomada de decisões, serão alguns dos pilares que se destacarão nos próximos períodos. Software como Serviço (SaaS) será outra importante tendência que crescerá muito no período dada a flexibilidade, rapidez e facilidade que proporciona às empresas. Com ele é possível atender rapidamente as demandas de um projeto, sem a necessidade de um investimento inicial, com pagamentos mensais conforme o uso, garantindo agilidade, flexibilidade e controle de custos.
Além das perspectivas serem muito positivas, é importante ressaltar também a recuperação vivida pelo mercado de TI no mundo em 2010. Após passar por um ano de dificuldades (2009), segundo o IDC (International Data Corporation), esse segmento superou as expectativas de crescimento traçadas, de 3% a 4%, e fechou 2010 com aumento de 8%. O Brasil, por sua vez, alcançou um resultado ainda mais agressivo e ultrapassou a marca de 21% de aumento, excedendo em mais de nove pontos percentuais a previsão feita no início do ano. O mercado local movimentou um montante da ordem de US$ 34,9 bilhões e foi responsável por 47,9% dos investimentos feitos em toda a América Latina.
Parte desses resultados alcançados no Brasil foi alavancado pelas vendas de PCs. Esse mercado passou por um verdadeiro boom e a meta traçada para 2013, de colocar o país entre os cinco maiores em vendas de PCs no mundo, foi concretizada já em 2010.
Embora todos os pontos acima citados sejam muito bons para o setor e deixem os fornecedores otimistas, temos pela frente ajustes importantes para fazer se quisermos estar prontos para aproveitar todas as oportunidades. O primeiro deles refere-se à formação de mão-de-obra. Hoje temos uma carência de 70 mil profissionais e se nada for feito, segundo estimativas do IBGE, esse número subirá para 200 mil nos próximos anos. O segundo está relacionado à reforma tributária. É fundamental tornar o país atrativo e mais viável em termos de investimentos. O terceiro pilar diz respeito aos custos atrelados a mão-de-obra e a folha de pagamento. A flexibilização das regras trabalhistas é um item crucial para o setor.
Esses são apenas alguns dos desafios que temos. Sabemos que eles não são fáceis de serem solucionados, mas são essenciais para pegarmos carona no cenário positivo que temos a nossa frente e posicionarmos o setor de TI num patamar realmente estratégico. Potencial não nos falta, mas precisamos aparar essas arestas com urgência.