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Automação

Crédito combina com crise?

Marcelo Martinez

Publicado em 08/03/2016 às 15:53


Nos últimos meses, o Uber, aquele famoso aplicativo que conecta motoristas executivos aos usuários, tem ocupado boa parte dos noticiários, muito desse espaço mais pela resistência de alguns taxistas em aceitar esse novo modelo de concorrência do que em relação à facilidade e inovação. A discussão entre os prós e os contras é longa e foi bastante explorada, mas sem dúvida uma das grandes inovações oferecidas pela empresa é a possibilidade de se pagar as corridas com cartão de crédito, algo até então ainda muito restrito no modelo convencional, no qual os pagamentos são feitos na grande maioria em papel-moeda.





Na contramão da crise, as vendas mediante o uso de cartões de crédito tem apresentado contínua expansão no Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS), existem no país cerca de 194 milhões de cartões ativos, dos quais 88 milhões de crédito. Esse crescimento deve-se aos inúmeros benefícios tanto da perspectiva do consumidor quanto do estabelecimento para uso de cartão em substituição ao papel-moeda e cheques. Para citar algumas dessas vantagens, em relação aos estabelecimentos as principais são a transferência do risco de inadimplência do lojista para os emissores do cartão, o aumento do volume de negócios com disponibilidade de parcelamentos e facilidades, a redução dos custos de operação e a interoperabilidade entre os pontos de vendas, em que a indústria passou a operar com multiadquirentes e multi-bandeira. sobre os atrativos para o consumidor podemos citar as transações seguras e documentadas, a conveniência para compras remotas, os programas de fidelidade e benefícios, a disponibilidade de crédito e o pagamento das compras sem juros em até 40 dias.





Segundo um estudo da Tendência Consultoria com mais de 600 comerciantes, para 90% dos entrevistados, aceitar cartões aumenta a chance de venda, aumenta a segurança, reduz as filas nos caixas, melhora o ticket médio e atrai mais clientes. Existem cerca de 17 milhões de estabelecimentos no país, entre formais, informais e microempreendedores individuais, dos quais apenas cerca de 3 milhões aceitam algum tipo de pagamento eletrônico, o que aponta para o potencial de crescimento desse produto nos próximos anos. Além disso, ao redor do mundo uma nova geração de clientes bancários, nativos no mundo digital, cresceu com acesso ilimitado à internet e serviços móveis. Ela vive esta realidade e procura conveniência nas compras do dia-a-dia, sejam elas em lojas virtuais ou físicas.





Apesar de o Brasil ser o segundo maior do mundo em transações de cartões de débito e crédito, é fato de que ainda pertence às classes de renda mais altas grande parte dos portadores e usuários desse tipo de meio de pagamento. Entretanto, com o avanço da bancarização essa realidade vem se alterando aos poucos, e as classes D e E da sociedade estão passando a usar formas de pagamento mais modernas e seguras. Um exemplo é o mercado de cartões pré-pagos, que desde que foi regulamentado pelo Banco Central em 2013, ganha mais adeptos e apresenta novidades para o público que não tem acesso a instituições bancárias ou que deseja ter em mãos uma ferramenta para controle dos gastos. Com ele, é possível fazer compras, transferências, pagamentos e saques sem a necessidade de ter uma conta em banco. Para participar desse novo mercado, o pequeno varejo, acostumado com transações em dinheiro, precisa estar preparado para esse novo negócio.





Claro que o meio de pagamento é apenas um caminho para o negócio. Precisamos sempre pensar no todo e ao invés de culpar os outros como o governo, concorrentes ou mercado, encontrar as tendências e soluções, não se limitando apenas aos clientes tradicionais. Esse movimento com novas opções de pagamento gera a necessidade de um processo de automação de ponto de venda, incluindo aquele varejo até então apartado da tecnologia. As revendas precisam estar preparadas para atendê-los. Na crise, uma das estratégias é enxergar novos nichos e se preparar para novas oportunidades. Vamos fazer a nossa parte.