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Automação

Da máquina registradora ao SAT

Marcelo Martinez

Publicado em 31/07/2015 às 12:55


Lembro-me ainda hoje de quando ajudava meu pai em seu pequeno comércio, de sua máquina registradora e daquele som que todos conhecemos de quando abríamos sua gaveta ou registrávamos uma venda. Difícil acreditar, observando a tecnologia ao nosso redor, de que a automação comercial começava naquele instante e evoluiria de tal modo que mesmo para os mais otimistas visionários ficaria impossível apostar no que aconteceria nos próximos anos.  O fato é que o mundo mudou: surgiu a tecnologia de informação e automação, a internet se consolidou, os certificados digitais deram mais segurança às transações online, o governo aprimorou suas ferramentas de fiscalização, entre outras conquistas. É certo também que existem revendas antigas que passaram por todas essas mudanças e evoluíram junto com as tecnologias e novas oportunidades, tendo hoje apenas a registradora em sua recepção para relembrar e comemorar a sua história de sucesso.



Uma dessas novas mudanças que impactarão o mercado significativamente é a anunciada nova legislação fiscal sobre a qual já comentamos no passado. Depois de várias discussões entre os estados e a sociedade civil, algumas delas começaram a ser implementadas. De todas, uma das mais aguardadas era o processo de substituição dos Emissores de Cupom Fiscal (ECF) pelo Sistema Autenticador e Transmissor (SAT) de cupons fiscais pelos varejistas paulistas. Desde julho não são mais autorizados novos ECFs na SEFAZ/SP para os estabelecimentos comerciais que realizam venda de mercadorias. O cronograma de obrigatoriedade de troca já está definido por porte e setor e divulgado no site da secretaria da fazenda.  Somente neste ano, de acordo com dados da própria SEFAZ/SP, 70 mil estabelecimentos comerciais deverão efetuar a troca de 140 mil ECFs pelo novo equipamento.



Nos últimos anos, participei de várias reuniões sobre o tema como fabricante e em todas elas fazíamos um exercício intenso de análise de tendências, avaliando o impacto da troca da tecnologia e o novo leque de oportunidades que se abriria com a sua adoção. Apesar de o mapa nacional ser composto de várias opções com características diferentes entre si (ECF 85/01, ECF 09/09, SAT, NFC-e), sempre destacamos o caso paulista pela sua representatividade. Segundo Censo 2012, em São Paulo estão cerca dos 30% do total de empreendimentos comerciais do país com um volume de transações acima da média nacional. Além disso, as maiores revendas e desenvolvedores de software estão neste estado e, portanto se espera que tenham papel importante na disseminação dessa mudança pelo país.



Resumidamente, o SAT documenta, de forma eletrônica, as operações comerciais do varejo dos contribuintes em substituição aos atuais equipamentos ECF sem a necessidade de uma memória fiscal e uma impressora integrada. O equipamento SAT gera e autentica, por meio de Certificado Digital próprio, o Cupom Fiscal Eletrônico – SAT (CF-e-SAT) e transmite periódica e automaticamente à Secretaria da Fazenda (SEFAZ), via Internet. Suas principais vantagens são a redução de gastos como, por exemplo, na atualização de software (feita remotamente pela Secretaria da Fazenda), manutenções de equipamentos fiscais, atestados de intervenção, pedidos de uso e cessação, geração de arquivos, e outras obrigações acessórias, além da possibilidade de escalonamento do seu uso no varejo, como no uso de impressoras compartilhadas entre equipamentos. Existe hoje farta literatura sobre conceito, instalação, utilização e contingência do SAT. Recomendo àqueles que tenham interesse no assunto que busque informações junto à SEFAZ-SP ou mesmo à AFRAC (Associação Brasileira de Automação Comercial).



Como comecei esta coluna, tudo muda e evolui. Precisamos estar atento às oportunidades e tendências ao nosso redor e acompanhá-las, ainda mais em momentos de transformação, no qual novas descobertas são feitas a todo momento. Neste instante crítico de queda de receita para os canais de automação, torna-se imperativo repensar o modelo de negócio, agregando outros serviços, revendo a estrutura interna e fidelizando o cliente com soluções de inteligência comercial, de preferência que propiciem ganhos recorrentes e duradouros. Mais do que hardware, as revendas precisam especializar-se em fazer parcerias com desenvolvedores de programas que integrem conhecimento e competitividade dentro das tecnologias e suas exigências legais. Nada simples, mas a única saída para não morrer. Lembre-se que a máquina registradora do passado representa o começo – escrever o novo capítulo dessa história é fundamental para não se tornar uma peça de museu como ela.