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Opinião

De transportador a operador logístico: um longo caminho a percorrer

Publicado em 28/02/2013 às 15:28


Hélio Meirim é CEO da HRM Logística consultoria & treinamento



Temos acompanhado, com certa frequência, notícias de que transportadoras estão se tornando operadores logísticos.  Na minha análise, isto vem ocorrendo, de forma cada vez mais acelerada, devido a muitas transportadoras estarem sendo contratadas, por operadores logísticos já existentes no mercado e detentores de grandes contas junto aos embarcadores, para realizar a operação de transporte (coleta, transferência e distribuição fechada e fracionada da carga.



Neste cenário, é comum a transportadora enxergando uma oportunidade de negócio existente, buscar tornar-se um operador logístico para então poder atuar de forma direta junto aos clientes, que ao realizar a operação de transporte, efetua uma parte muito importante do processo logístico.



Este processo de migração de transportadora para operador logístico pode parecer muito simples, mas existe um longo caminho a percorrer. Muitas transportadoras reúnem grande parte dos requisitos para fazer esta migração de atividade sem grandes problemas no meio da jornada, mas infelizmente, muitas pensam e agem com muita simplicidade na análise da questão e ai surge o risco de não ter sucesso em nenhuma das atividades, a original de transportadora e a desejada de ser operador logístico.



Refletindo um pouco sobre o tema, comecei a analisar as possíveis causas de insucesso deste processo de migração de uma transportadora para um operador logístico, e penso que os dirigentes de transportadoras que estão vivenciando este processo devem analisar os seguintes pontos:



·         Tecnologia – Operadores logísticos necessitam de grande suporte de tecnologia, pois a agilidade, a acurácia e principalmente a visibilidade da informação são cruciais para o bom atendimento ao cliente;



·         Recursos Humanos – Operadores logísticos demandam profissionais altamente qualificados em termos operacionais, comerciais e principalmente gerenciais. Neste sentido faz-se necessário uma política de atração, capacitação, retenção e motivação das pessoas bem arrojada;



·         Projetos & Processos – A produtividade de uma operação logística é obtida através de estudo de fluxos, tempos e movimentos e melhorias constantes nos processos de cada operação existente que deve buscar sinergia com as novas operações que chegam. Logo é essencial ter uma equipe que cuide destes pontos.



·         Know-How Logístico – Um erro muito comum é a transportadora achar que por já fazer a operação de transporte, já ter um armazém onde mercadorias circulam e até ficam guardadas,  e em alguns casos já fazer etiquetagem em embalagens coletadas ela detém todo o know-how para se tornar um operador logístico. Operadores logísticos fazem e são responsáveis por muito mais do que estas atividades descritas. Logo é importante contar em seu quadro com profissionais que tenham know-how logístico.



·         Negociações Comerciais – As negociações relacionadas a tarifas de fretes reúnem uma complexidade bem diferente de uma negociação de uma operação logística, onde devem ser consideradas diversas variáveis envolvidas. Vale destacar também que a negociação é realizada com tomadores de decisão de outra escala hierárquica do cliente, é mais longa e mais técnica exigindo assim um profissional mais qualificado;



·         Apuração de custos – Em operações logísticas, é essencial conhecer bem detalhadamente os custos de cada etapa do processo operacional do cliente. Este detalhamento lhe proporcionará identificar se o seu preço está adequado, se existe possibilidade de redução, sinergia ou otimização de recursos;



·         Retorno do Investimento – Normalmente, projetos logísticos demandam de um prazo maior para darem retorno. No entanto, as margens são maiores e os contratos estabelecidos com os clientes mais longos. Como grande parte das vezes a transportadora tem uma estratégia de curto prazo, quando se deparam com negócios que gerarão retorno de médio e longo prazo existe um certo impasse.



·         Conhecimento tributário – Operações logísticas são regulamentadas por legislação própria e é imprescindível a existência de um profissional que entenda bem destas questões.



·         Cultura Organizacional – Muitos processos de migração de transportadora para operador logístico fracassam, pois a cultura da empresa e a forma de condução de seus dirigentes continuam atreladas a forma antes utilizada para gerir os negócios focados somente em operações de transportes.



Bem, como podemos ver acima, existem alguns pontos que precisam acompanhar a decisão da transportadora caminhar para se tornar um operador logístico. Com certeza existem muitos outros a serem observados também. Mas, o importante é que a transportadora ao pensar em tomar esta decisão não a faça apenas por impulso, modismo ou por querer avançar em outro mercado. Que esta decisão seja pensada, estruturada, planejada e principalmente consciente das mudanças que serão necessárias na forma de gestão destes novo negócio (operador logístico) pois de outra forma, a chance deste processo de migração não lograr êxito tende a aumentar.