Negócios e Tecnologia
Gestão, reunião, tecnologia e o home office: o digital e algumas lições da pandemia
Enio Klein
Publicado em 13/07/2021 às 16:23De uma hora para outra nossos hábitos foram obrigados a mudar, assim como fomos subitamente despejados de nossa zona de conforto quando olhamos sob a perspectiva da forma com a qual trabalhamos e conduzimos a gestão das empresas
Muitos afirmam que a disruptura dos hábitos fez da “pandemia, o motor da transformação digital”. Pessoalmente, discordo e alerto para o cuidado que devemos ter ao analisar afirmativas dessa natureza.
Alguns vão lembrar do bug do milênio – o Y2K - na passagem do século que “poderia colocar em risco todas as atividades que dependessem de sistemas utilizando os dados dos computadores ou chips”. Na época, o que se afirmava e que podia ser encarado como estímulo era que faltava para muitas empresas a tão postergada atualização de seus sistemas. Aquela “necessidade de modernização de sistemas que, à semelhança do regime prometido para segunda-feira, era sempre deixada para mais tarde, sem data e hora marcada para ser concluída”.
O que observamos é que a necessidade de revisão já era latente há anos e o processo de mudança caminhava de forma lenta. A “chacoalhada” representada pelo Y2K serviu de catalizador para a indústria trazer o discurso de mudança.
Desde então, os avanços tecnológicos sejam no tratamento da informação ou nas telecomunicações, vêm demonstrando o potencial enorme de mudança na forma em que fazemos negócios.
A pandemia não nos deu opções. É fato de que a pandemia não deu opções. Ou se entrava de vez na era do comércio eletrônico ou fechavam-se as portas. Da mesma forma, o trabalho a distância. Muitos segmentos não tinham outra alternativa. Ou se trabalhava de casa ou não se trabalhava. Em muitos outros casos o ceticismo precisou ser substituído pela ação sob pena do negócio quebrar. E assim a tecnologia começou a ser usada com maior intensidade.
Entretanto, alerto para o fato de que na maior parte dos casos, introduziu-se a tecnologia, mas o modelo de negócios não mudou. Trabalha-se da mesma forma que antes. A diferença é que os processos que foram inviabilizados pela necessidade do distanciamento social, foram restabelecidos com o uso do digital. Vendas por whatsapp, home office, reuniões online passaram a fazer parte do vocabulário de quase todo mundo.
Acredito que o uso da tecnologia foi para permitir a sobrevivência das organizações, não para transformá-las. Os modelos de negócio continuam iguais.
As lições da pandemia poderão ser realmente construtivas, mas devem ser interpretadas à luz das mudanças necessárias para serem perenes e fazer sentido e não somente como oportunidades de negócios.
O que você está esperando para mudar?