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Bem Estar

Mar calmo nunca fez bom marinheiro

Tatiana Pimenta

Publicado em 05/06/2020 às 18:39

Hoje, durante o período em que me
exercitava em um pequeno espaço da casa, me peguei refletindo sobre o quanto a
crise que estamos vivendo pode extrair líderes e cidadãos melhores.





Quem me conhece sabe que tenho uma
paixão pela corrida. E não é só correr por correr! Gosto mesmo é das longas
distâncias, em especial da maratona, prova de 42km.







Quando decidi correr essa distância pela primeira vez,
passei cerca de dois anos treinando. Os desafios são intensificados no ciclo de
12 a 16 semanas que antecedem a data da prova. Por experiência própria, posso
afirmar que atravessar o ciclo de treino não é tarefa fácil. Mas, o objetivo
desse período é se preparar para o mais difícil: o dia da prova. Para quem não
sabe, a maioria dos atletas que concluem uma maratona pela primeira vez nunca
haviam corrido a distância estabelecida anteriormente. O pico de treinos
alcança cerca de 32km e depois entra-se em um intervalo de regeneração até o
grande dia.
 


Incrivelmente,
hoje, enquanto pulava cordas, me lembrei das minhas últimas maratonas. Lembrei
dos sacrifícios, do esforço e dos desafios dos ciclos de treinos. Consegui
fazer comparações com meu momento atual, liderando uma startup que cresce em um
ritmo avassalador.


 É preciso se preparar para dias incertos

 Na
preparação para uma prova de longa distância sempre nos planejamos para
imprevistos. Afinal, nunca sabemos como estará o dia da prova: pode estar
chuvoso, muito frio, calor demais, podemos errar na hidratação, comer algo que
não faça bem e tudo ir por água abaixo.

 Não
conseguimos controlar o incerto, mas podemos nos dedicar para fazer o nosso
melhor. São dias, semanas, meses treinando duro, fazendo força, levando o corpo
à exaustão. Acordamos cedo aos finais de semana e corremos 20, 25, 30 e até 35
km. Estressamos a musculatura ao máximo e depois pulamos num tanque cheio de
gelo (coisa de gente completamente doida) para recuperar o organismo da fadiga
mais rapidamente.

 Comemos
bem, mas pouco! Para mim, que amo cozinhar e comer é a pior parte, não nego.
Restringimos sabores que nos trazem prazer, deixamos de consumir itens que nos
oferecem algum conforto, como uma boa taça de vinho, por exemplo, e também
adotamos uma disciplina no mínimo curiosa. Dormimos e acordamos cedo, pois
descansar é parte fundamental da jornada bem-sucedida. Alguma semelhança com os
dias atuais?

 Chega o dia da prova e lá estamos nós, dispostos e
excitados para que soe o tiro de largada. Passamos horas correndo, para não
dizer sofrendo, rs. Isso mesmo, correr uma maratona dói, do fio cabelo ao dedinho
do pé. Os últimos quilômetros sempre parecem intermináveis, mas o acenar da
linha de chegada faz tudo valer à pena.

 A adversidade fortalece e engrossa a casca

 Quanto
maior a dificuldade dos percursos adotados nos treinos, mais fácil se torna o
dia da prova. Sempre que o período foi de adversidades, mais forte cheguei ao
final da corrida.

 Lembro,
como se fosse hoje, da maratona que corri logo depois do processo de tratamento
de câncer do meu pai. Tinha perdido o emprego naquela época, tinha muito medo do
que estava por vir, não fazia a menor ideia do que faria dali para frente, mas
corri leve. Estava pronta. Estava mentalmente forte, depois de tantos
percalços.

 A
Covid-19 nos convida a repensar em tudo que acreditamos. Abre oportunidades
para amadurecermos enquanto líderes ou para pensarmos fora da caixinha. As
mudanças repentinas surgem para nos tirar da zona de conforto e nos fazer fugir
do óbvio. É preciso ter pulso, tomar decisões dolorosas, errar e aprender com
os erros. Não tem fórmula mágica e vamos aprender com as falhas também.

 Tenho certeza que nenhum CEO tinha, em seu
planejamento 2020, uma seção denominada “o que fazer em caso de pandemia”.

 Nesse
momento de avalanches de informação, pedidos, e-mails, lives, entrevistas,
webinars, etc, fazer escolhas estratégicas é essencial.