Não há dúvida de que o ano de 2016 foi especial em todos os sentidos. Do impeachment da ex-presidente Dilma, passando pelo avanço da operação Lava Jato sobre alguns dos mais poderosos figurões do país, até a eleição do falastrão Donald Trump, muita coisa aconteceu que marcará para sempre a nossa história. Na indústria de tecnologia não foi diferente. As televisões se tornaram mais transparentes e dobráveis, novos protótipos de carros autônomos foram apresentados, as impressoras 3D consolidaram sua viabilidade e utilidade em diversos tipos de indústrias. Infelizmente, apesar de tantas inovações, o consumo em nosso país foi decepcionante. Após a crise atingir o seu ápice no primeiro semestre consolidando a pior recessão dos últimos 80 anos, só agora o mercado começou a dar sinais de recuperação, um alívio para o setor de tecnologia, com certeza um dos mais impactados.

Para 2017, as apostas são mais animadoras. Grandes grupos voltaram-se novamente ao Brasil de olho na perspectiva de recuperação econômica do maior mercado consumidor da América Latina. As vendas do comércio varejista, após amargarem em 2016 uma retração de 6,2% segundo o IBGE, a maior queda desde que a série foi criada em 2001, mostraram sinais de recuperação em janeiro, uma surpresa positiva para quem já estava se acostumando com as más notícias.

Com a meta de aprimorar conhecimentos e técnicas, verificar o andamento da tecnologia mundial e identificar oportunidades de crescimento, 35 mil visitantes e 500 expositores de 94 diferentes países participaram em janeiro da NRF Retail’s Big Show 2017, o maior evento do Varejo mundial que acontece anualmente em Nova York.

Muitas novidades e tendências foram apresentadas, mas mais uma vez, um dos conceitos mais abordados foi o Varejo Omni Channel, conceito que se baseia na convergência de todos os canais utilizados por uma empresa, sejam eles online ou off-line. Trata-se de uma visão integrada, na qual independentemente do meio de compra, se busca proporcionar uma experiência diferenciada ao consumidor, tratando-o como único seja onde ele estiver. Nesta linha, vários expositores apresentaram propostas para propiciar uma interação mais completa do Varejo e consumidor, como por exemplo, soluções cada vez mais potentes para captação e análise de informações do perfil do cliente em tempo real, na própria loja. Além disso, novas tecnologias de reconhecimento e sensoriamento acopladas a poderosos algoritmos de cálculos e dashboards foram apresentadas, inclusive algumas por gigantes do setor de tecnologia. Essas soluções que reconhecem não só o consumidor, mas até o seu sentimento na frente da gôndola ou perante a algum produto, consolidam um Varejo menos intuitivo, que baseia suas decisões em informações, personaliza suas ofertas com excelência e transforma dados em ações bem-sucedidas.

Outro destaque da feira foi o uso de robôs ou soluções automatizadas para interação com clientes e aumento da eficiência interna, por exemplo, análise de qualidade de estoques. Essas soluções reduzem o custo de mão-de-obra e elevam o Varejo para outro patamar de produtividade, agregando inclusive mais serviços ao momento da compra e análises instantâneas ao usuário. Além disso, houve mais espaço para a exploração de soluções de AR (Realidade Ampliada) e VR (Realidade Virtual), tecnologia ano após ano com mais aplicações e conteúdos, e consequentemente, utilidade para o mundo dos negócios.

Concluindo, a mensagem da NRF 2017 é que o ponto de venda se tornará cada vez mais ativo no processo de compra, utilizando dados de clientes e da empresa para se adaptar com maior velocidade e desempenho a cada situação. Máquinas inteligentes rapidamente aprenderão com as experiências de consumo, e sugerirão ações de merchandising mais precisas para resultados bem-sucedidos. A internet, em especial, a IoT (Internet das Coisas), poderá até liderar a maior parte dessas mudanças, porém ainda o sucesso dependerá dos varejistas e seus parceiros, sempre atentos as inovações e oportunidades.