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Opinião

O contínuo desafio da banda larga no Brasil

Publicado em 20/09/2011 às 14:26


Fabio Tagnin é diretor de Expansão de Mercado da Intel Brasil



Trânsito parado, semáforos desligados, iluminação pública apagada, pessoas na rua sem poder trabalhar, sem se comunicar com a família ou amigos, cenas de depressão, desespero e agonia. Não é a descrição de um terremoto, tsunami ou o fim do mundo. É o possível retrato do momento em que a Internet parar.

 

Talvez seja exagero dizer que a Internet mudou tudo, mas é seguro dizer que o comportamento humano, o conhecimento, a rotina diária e a maneira como trabalhamos e nos relacionamos com as pessoas e com o mundo sentiram a sua pesada influência. Hoje quase tudo está em rede ou é parte integrante da rede. Há algumas semanas foi comemorado o “Dia da Internet” em alguns países. Mas será que aqui no Brasil temos realmente o que “comemorar” com nossos índices de uso, disponibilidade e qualidade dos serviços ofertados de acesso à rede por banda larga?

 

De acordo com o Relatório Global de Tecnologia da Informação do Fórum Econômico Mundial, de 2009 a 2010, os países da América Latina (representados por Brasil, Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México) possuem aproximadamente 6% de penetração da conectividade de banda larga e os custos de assinatura são dez vezes maiores do que os preços dos países da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) – considerando Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Espanha.

 

No ritmo atual, ainda vão décadas para que os países da América Latina alcancem os níveis da OCDE: os países da América Latina possuem 45% de penetração da Internet e 6% de penetração da banda larga, enquanto a OCDE apresenta 85% de penetração da Internet e quase nove vezes o percentual de penetração da banda larga.

 

Uma pesquisa realizada pela consultoria Point Topic, no fim 2010, demonstrou que a América Latina tem a conectividade de banda larga mais cara do mundo. De acordo com o relatório, o preço médio por megabit/s cobrado para o DSL é superior aos US$ 22. É mais caro do que o cobrado no Oriente Médio e África (US$ 20).

 

A conectividade de banda larga mais barata do mundo pode ser encontrada em Hong Kong: US$ 0,028 por megabit/s, seguido por Japão (US$ 0,048/Mbps). Pensando nisso, a Telecom Advisory Services LLC solicitou que a GSM Association calculasse o impacto dos impostos no desenvolvimento do segmento de banda larga móvel nos países emergentes. Esta pesquisa foi baseada em estudos de casos de países como México e Brasil, cuja tributação é considerada bastante pesada. O estudo chegou à conclusão de que para cada dólar reduzido dos impostos, os países emergentes gerariam um PIB adicional variando entre US$ 1,40 e US$ 12,60.

 

As desvantagens econômicas da banda larga fixa tornam a banda larga móvel uma solução possível para o desafio do acesso rápido à Internet. No entanto, apesar da importância fundamental da banda larga sem fio, México e Brasil adotaram uma estratégia de taxação que reduz seu potencial de penetração ao incluir ainda encargos adicionais para a compra de aparelhos e serviços. Tais impostos dificultam a difusão dessa tecnologia, em especial no Brasil.

 

A difusão da banda larga hoje parece ser essencial, já que a conexão discada não é uma opção aceitável nem mesmo para a população de baixa renda. Pesquisa realizada pela Intel no País apontou que entre os que possuem acesso à Internet em casa, 80% tem banda larga fixa. Além disso, mais de 60% dos donos de PCs no Brasil não podem viver sem acessar a Internet diariamente, além dos 13% que não possuem PC, mas navegam todos os dias.

 

Partindo da experiência e de casos de sucesso em outros países, observa-se que para a implantação eficiente de sistemas compatíveis com a necessidade que o mercado apresenta, é indicado que indústria, governo e universidades discutam e desenvolvam juntos os melhores modelos para a realidade brasileira e, a partir daí, criem iniciativas que sejam eficientes para o consumidor final, rentáveis para os fornecedores do serviço, e que contribuam para o fortalecimento da economia. Só aí, finalmente, desastres naturais à parte, talvez possamos evitar que a cena descrita logo no início desse texto seja causada por falta de infraestrutura tecnológica. E teremos algo a celebrar em um “Dia da Internet”, falando com orgulho de banda larga e conectividade em nosso país.