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Marcelo Martinez

Publicado em 05/06/2020 às 18:29

Na primavera de 2018, a universidade de Yale, uma das mais antigas e
prestigiadas do mundo, lançou um curso para ensinar alunos sobre felicidade e
bem-estar. A aceitação foi imediata e sem precedentes. Logo no primeiro ano,
mais de 1,2 mil alunos, cerca de um quarto do corpo discente da universidade,
se inscreveram no curso, tornando-o o mais popular em cerca de três séculos de
história da Yale. Entendendo o potencial e alcance do tema, a universidade
disponibilizou uma versão online gratuita do curso sob o título ‘The Science of
Well Being’,em uma tradução livre, A Ciência da Felicidade. O sucesso desde
então foi estrondoso, alcançando milhares de alunos em todo mundo, e em março,
no pico da pandemia, ultrapassando a marca de 2 milhões de matriculados.





Os
números da Yale são incríveis, mas a dúvida de muitos é se a felicidade pode
ser realmente aprendida. De acordo com várias instituições de ensino, a
resposta é sim. Na universidade de Harvard, por exemplo, uma das pioneiras a
lecionar sobre o tema, ainda hoje, cerca de dez anos depois da primeira turma,
o curso é um dos mais concorridos do campus. No mundo e no Brasil não é diferente:
em uma rápida busca na internet é muito fácil encontrar diversos cursos sobre
Felicidade, Bem-estar e Autorrealização, inclusive algumas pós-graduações. A
popularidade desses cursos é crescente e acompanha um aumento da
conscientização da população sobre a importância da saúde mental para se
enfrentar os problemas contemporâneos, alguns deles potencializados com o
impacto da pandemia em nossas vidas, em que a solidão é quase totalmente
inevitável.





A
felicidade é um tema central de reflexão desde a antiguidade. Filósofos do
período helênico construíram amplas concepções sobre o que torna a vida boa de
ser vivida. Estes pensamentos foram a base para a pesquisa psicológica e está
na agenda desde projetos individuais até o planejamento de organizações e
Estados. De forma simplificada, felicidade é um sentimento, um estado de
espírito que alcançamos através de nossas escolhas e reações. Ela vem
naturalmente, através da autoconsciência e da identificação de emoções à medida
que elas surgem. O fato é que para algumas pessoas ainda é difícil identificar
esse sentimento como afirma Travis Bradbury em seu best-seller Emotional
Intelligence 2.0, no qual aponta que apenas 36% das pessoas são capazes de
reconhecer que são felizes.





Em
tempos difíceis, é natural que as pessoas se perguntem mais sobre o que é a
felicidade e onde podem encontrá-la. Dada a situação atual de isolamento, nunca
se questionou tanto a importância de ser feliz. Segundo Martin Seligman, um dos
pioneiros em Psicologia Positiva, indivíduos felizes são mais saudáveis e,
portanto, menos propensos a contrair doenças, inclusive
as
virais. Aliás, a felicidade é contagiosa. Pessoas felizes fazem com que outros
ao seu redor também sorriem mais, apreciem a vida, expressem gratidão. Uma vida
agradável para elas consiste em relações positivas, verdadeiras e duradouras.





A felicidade também rompe
barreiras e transforma pessoas. Um bom exemplo para os dias atuais são pessoas
que apesar de nunca terem feito uma videoconferência, aprenderam a participar
de lives e festas virtuais com toda a família. O que fez com que essas pessoas
se adaptassem a essa nova realidade? Apenas a obrigação e a necessidade? Não,
sem dúvida o desejo por afeto, um dos ingredientes mais poderosos da
felicidade.





Aprender
a ser feliz é mais do que uma aula sobre sentimentos; é o que nos faz sair da
cama e enfrentar nossos desafios todos os dias. É encontrar o propósito e o
sentido de vida. É o que nos faz descobrir forças que não sabíamos que tínhamos
nos momentos mais complicados. Em tempos de corona, aprendemos que a felicidade
não é um propósito, é um caminho. Ela não está no futuro, como muitos jovens
acreditam, nem no passado, no caso dos idosos. Ela só pode ser projetada no
presente, vivendo-a dia após dia. Sem dúvida os cursos nos ajudarão a entender
mais sobre o assunto, mas o sentido da felicidade depende da nossa vontade de
caminhar sobre esse trajeto, aprendendo, experimentando e ensinando.