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Estratégias Digitais

O turismo e a revolução digital

Marcelo Martinez

Publicado em 10/03/2020 às 17:38

Viagens sempre estiveram presentes nas listas de desejos das pessoas.


Viajar faz bem, eleva a cultura e a auto-estima, fora o relaxamento natural de estar longe da rotina habitual. O que ninguém duvida é o impacto da tecnologia neste setor que investe pesado na presença digital para levar o viajante a um tipo diferente de experiência antes, durante e após a viagem.  Exemplos disso são inúmeros: sistemas inteligentes para mapear os desejos dos clientes e promover jornadas customizadas; tecnologias biométricas e de reconhecimento facial; assistentes virtuais como o Siri, Watson e Alexa; planejadores virtuais de viagem com mapas e sugestões para passeios; ferramentas de tradução simultânea para facilitar viagens a lugares com línguas pouco conhecidas. A tecnologia está revolucionando o jeito de viajarmos.  

Uma das propulsoras dessa mudança de paradigma é a geração do milênio, um público que adora viajar e é apaixonada por novas tecnologias. Esse interesse combinado deu lugar a um novo contexto em que mídias sociais, aplicativos, blogs e muito mais desempenham um papel importante na hora de fazer uma viagem. A mudança é tão grande que de acordo com um estudo do Google Travel, 74% dos viajantes planejam suas viagens apenas pela internet.           

O fato é que a indústria do turismo é uma das maiores do mundo, movimentando economias, gerando empregos e valorizando cidades. Segundo o World Travel & Tourism Council (WTTC), a contribuição econômica global desse setor em 2018 foi de 8,8 trilhões de dólares, movimentando ao redor de 319 milhões de empregos. De olho neste mercado, empresas investem cada vez mais em tecnologias de viagem. Uma das áreas que mais recebe atenção  está  ligada ao Big Data e ao aprendizado baseado em máquina. Juntas essas tecnologias estão transformando o atendimento aos clientes, mapeando seus desejos e comportamentos para oferecer uma maior personalização, como por exemplo, ofertas únicas baseadas em análise de navegações e redes sociais.

Em se tratando de transformação digital, a maior revolução está nos aplicativos de dispositivos móveis. Seja como guias, agências de viagens, tickets aéreos, reservas de restaurantes, solicitações de serviço, o que for, é quase impossível não tê-los ao nosso lado durante toda a jornada. Isso, sem considerar as tecnologias vestíveis (wearables techs) como óculos e relógios interativos, que devem ser amplamente adotadas nos próximos anos para nos levar um passo mais perto de uma experiência de férias multidimensional.  No campo da experiência imersiva, uma tecnologia bastante promissora é a de Realidade Aumentada (AR), usada para aprimorar experiências em ambientes do mundo real por meio de sobreposições. Imagine o quão fascinante é um turista ver avaliações de clientes sobre um hotel ou atrações próximas simplesmente abrindo sua câmera e apontando o celular. Do mesmo modo aplicações de Realidade Virtual (VR) encantam o setor, permitindo “caminhar” previamente pelo destino em visitas digitais únicas, transportando o viajante entre o passado e futuro de ruas e pontos turísticos  Entretanto, apesar de toda a tecnologia disponível, vale citar que um grande desafio a ser superado para a digitalização do turismo ainda é a infraestrutura de redes de algumas regiões.

O turismo imersivo, onde a tecnologia transforma os viajantes em protagonistas da experiência, demanda cobertura de dados, estabilidade de conexões e velocidades de carregamento. A chegada do 5G em alguns países promete viabilizar novas aplicações, porém infelizmente é algo distante em nosso país, junto com a cobertura de redes abertas em lugares públicos.  Por fim, de nada vale a tecnologia se o país não tiver um projeto consistente de estímulo ao turismo. O Brasil em termos globais ainda engatinha, bem distante de líderes como Estados Unidos, Espanha e França. Questões relacionadas à segurança, divulgação no exterior e infraestrutura local comprometem o sucesso do setor. Ainda assim, temos uma ótima oportunidade pela frente, e quem sabe a revolução digital nos ajude a transformar também a forma que enxergamos o turista por aqui. Afinal, complementando a primeira frase dessa coluna, viajar faz bem não só para quem viaja, mas para aqueles que recebem o viajante.