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Neurociência na tecnologia

Um único cérebro, dois mindsets!

Solange Mata Machado

Publicado em 05/06/2020 às 18:50

Imagine a cena: Você é um jovem adulto chegando à
universidade para a sua aula favorita. Hoje será o dia da entrega da prova
final. A sua expectativa é alta, pois tanto o professor quanto o conteúdo da
disciplina têm sido muito motivadores.





O
professor está entregando o resultado do exame final e a sua nota foi um pouco
acima da média para passar. Desanimador! Ao sair da escola, descobre que para
não chegar atrasado a sua aula preferida, você estacionou em local não
permitido e acabou levando uma multa. No caminho de casa, querendo desabafar
com seu melhor amigo, faz uma ligação e recebe como resposta “cara, agora não
dá, me liga mais tarde!”. Como você se sentiria depois destes episódios
acumulados em um mesmo período? Frustrado? Rejeitado? A vida não está sendo
generosa, seu professor querido e admirado parece não gostar de você. Ou,
olharia esta mesma situação como um ponto de interrogação. Quem sabe precisa
ter mais atenção, estudar mais, ser mais cuidadoso na hora de estacionar o carro,
entender que seus amigos não estão disponíveis 24 por 7. Qual das duas reações
seria mais compatível com você?


 A professora da Universidade de Standford, Carol
Dweck, define, em seu livro “Mindset: A nova psicologia do sucesso”, o mindset
como crenças que as pessoas têm sobre a natureza das características humanas.
Especificamente, o conceito de mindset está centrado na crença de poder ou não
alterar os traços ou as características pessoais. Se as pessoas acreditam que
os traços – como inteligência, personalidade, habilidade esportiva, musical
etc. – não são controláveis e por isso não podem ser mudados, elas endossam o
mindset fixo. Se, por outro lado, as pessoas acreditam que essas
características são controláveis e mutáveis com esforço, elas fazem parte do
mindset de crescimento.

 As
pessoas que acreditam que nasceram inteligentes e que essa capacidade inata é
definitiva usam preferencialmente o mindset fixo. Elas sabem que são capazes,
gostam de ser admiradas pelo que sabem, e se sentem frustradas com o erro, além
de entenderem as críticas como ofensas pessoais. No caso do jovem adulto que
teve um dia ruim, se ele tiver mindset fixo, a sua reação é uma sucessão de
pensamentos negativos. Se sentirá frustrado, perdido, traído pelo melhor amigo
que não o atendeu, acha que o professor da sua matéria preferida é um sacana.
Olha para o mundo como se fosse uma enorme conspiração contra ele.

 Por outro lado, existem pessoas que sabem analisar os
fatos reais de uma maneira mais positiva. E entendem que podem mudar
drasticamente a maneira como pensam. E, com isso, podem alterar suas crenças.
“Não é o mundo que está conspirando contra mim. Sou eu mesmo que preciso mudar.
Ser mais atento e cuidadoso!” Estas são pessoas que ficam no extremo oposto do
espectro do mindset. São entituladas de mindset de crescimento. São pessoas que
sabem trabalhar com seu grau de atenção e comprometimento para fazer uma
mudança deliberada. Ao contrário das pessoas de mindset fixo, essas pessoas
entendem que as críticas e os erros são essenciais e representam um alerta para
que aprendam mais, esforcem-se mais e se comprometam mais para chegar ao
objetivo traçado. Além de se inspirarem no sucesso de outras pessoas que estão
em patamares de excelência superior aos seus. Na verdade, somos uma combinaç
ão dos dois tipos de mindset. O que precisamos
perceber é qual deles é mais predominante, pois, será ele que determinará a
maneira como penso e reajo frente aos desafios do dia-a-dia. O mindset
praticamente permeia em todos os momentos da nossa vida. Quer seja na escolha
de palavras e atitudes, quer seja na interpretação de como eu leio um anúncio
ou um artigo e me posiciono com relação ao que li.

 A repetição de novos hábitos gera novos
comportamentos, novas capacidades que formarão novos caminhos neurais que, ao
se sedimentarem, se tornarão novas crenças. Um mesmo cérebro, mas com opções de
caminhos neurais pode gerar dois tipos de mindset