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Opinião

Variação do dólar impacta setor de distribuição de TI

Publicado em 08/10/2013 às 16:26


Rodrigo de Martini, diretor de Marketing e Vendas da Axyon



A valorização do dólar, que se acumula acima de 10% no ano frente ao real, chegando perto de R$ 2,30, o que o Banco Central considera taxa com risco potencial de prejudicar a inflação, volta a impactar o setor de distribuição de TI brasileiro.



O quadro repete uma situação vivida em 2012, quando a taxa de valorização da moeda norte-americana subiu 18% sobre 2011, alcançando R$ 2,10 em dezembro e inflacionando diretamente os produtos comercializados pelo setor.



Em 2013, o dólar chegou a retrair para R$ 2,00, mas fatores como a inflação, retração do PIB e a saída dos Estados Unidos da recessão, entre outros, voltaram a elevar a taxa da moeda estrangeira, que hoje bate nos R$ 2,30, e a elevação cambial mostrou seu impacto nos custos, tornando os produtos importados mais caros, e refletindo-se, é claro, nos preços de venda do mercado de TI nacional, que depende, em muito, das importações.



Em paralelo, em alguns casos a exportação passou a ser mais atraente para os produtores do segmento, que vender para outros países lhes permite receber mais reais pelo mesmo produto vendido ao exterior em dólar.



Trocando em miúdos, cai a oferta no mercado interno, os preços sobem, e a velha lei de mercado volta à ativa em seu papel de alavanca do preço final.



Para o distribuidor de TI, a variação cambial impacta por diversos fatores.



Além do referido custo de produção, que todos os itens de TI fabricados no país levam ao menos um componente importado, , ainda, motivos como a oscilação dos preços, que, com o dólar instável, mudam com uma constância acima do normal, prejudicando o planejamento de importação e de venda.



Com a alta dos preços na revenda, o cliente final retrai e adia as compras para um momento mais oportuno, reduzindo os ganhos do canal que, se também precisa pisar no freio, impactando as vendas do distribuidor.



Para se ter uma ideia deste impacto, basta considerar números da Abradisti que indicam que as 32 mil revendas cadastradas no Brasil pela associação contribuem para 60% do faturamento dos distribuidores, enquanto os outros 40% são provenientes das vendas de produtos no varejo, de integradores, fabricantes e vendas diretas ao consumidor



Isso sem falar no custo Brasil. A variação do dólar pode não afetar a leitura do preço real dos produtos na moeda norte-americana, mas em reais, tudo sobe – e sobe muito. Com isso, distinguir o valor das mercadorias e o dos impostos fica bem mais difícil, e o setor volta a sofrer impacto.



Um quadro preocupante, mas que pode ser um tanto amenizado pelas projeções para o mercado geral de TI: conforme a consultoria IDC, em 2012 a TI brasileira (software, hardware e serviços) cresceu 10,8% na comparação anual, somando US$ 123 bilhões, e este ano deve crescer novos 14,4%.



a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) indica que a participação da TI nacional no mercado global – que no ano passado cresceu praticamente a metade do brasileiro, com taxa de 5,9% sobre 2011 – deve impulsionar ainda mais a expansão, elevando o país da atual quarta posição no cenário mundial para a terceira em 2022.



Entretanto, estas são projeções que dependem da avaliação do comportamento do dólar e do preparo do mercado para lidar com a oscilação.



Um preparo que depende, ainda, de outros fatores, como, por exemplo, a liberação de crédito, e entramos em outro ponto delicado para o ano de 2013, que o Banco Central comentou a possibilidade de aumentar a taxa Selic em pelo menos mais um ponto porcentual até dezembro.



Se isso ocorrer, contribuirá para aumentar os juros, limitando, consequentemente, a obtenção de crédito no país.



Um cenário desafiador, mas que o setor de distribuição, que segue sólido mesmo em meio às oscilações, pode enfrentar. Para tanto, uma boa saída é não levar em conta somente a análise temporal do mercado.



Se teremos leões a matar em 2013? Sim, teremos. Mas pensar apenas nestes nos desviará do norte futuro, que guia o crescimento dos negócios e do setor com base em perspectivas de cenários ainda por vir.



Análise, preparação, coragem e uma boa dose de ousadia. Estas são as armas para manter a saúde e o crescimento de nosso setor.